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domingo, 1 de maio de 2016

Uma Viagem pela Ásia. Tem que Ler Mesmo?

   No projeto Tem Que Ler Mesmo? fizemos nos meses de março e abril uma viagem pela Ásia. Pensamos logo em Japão e China. De fato, os primeiros livros que li eram sobre o Japão. Mas lembrei que a Índia também faz parte da Ásia e resolvi ler um livro que sempre me deixou curiosa. Vamos às resenhas.
   Comecei minha viagem como mochileira, escolha livre, com a trilogia 1Q84 do japonês Haruki Murakami. A história de passa em um Japão mais ou menos contemporâneo e é assumidamente uma homenagem a 1984 de Orwell.


    No Japão de 1984 uma assassina acaba indo parar numa realidade alternativa, onde se torna o centro de uma trama envolvendo seres fantásticos, que eu não consegui definir se são do bem ou do mal. Talvez não sejam nem um nem outro. Na trama também está envolvido um escritor que acaba expondo esses seres ao mundo, ao ser o "ghost writer" de um livro que conta a história de como esses seres chegaram ao mundo de 1Q84. A partir daí o enredo se desenrola. Eu confesso que tenho dificuldade de dizer se gostei ou não. Acho que a trilogia não é ruim. É uma ideia original, mas o autor se perde ao querer desenvolver coisas demais e muita coisa fica sem explicação. O romance entre Aomame e Tengo é bem bonito e me conquistou. Achei que o Povo Pequenino merecia uma explicação maior e gostaria que o final fosse um pouco além do que foi, explicando mais coisas.

   Ainda no Japão, viajando agora na classe econômica, escolhi o romance 47 Ronin, de John Allyn, baseado em uma representação do teatro Kabuki japonês. Consta que a história aconteceu de verdade, mas que ninguém era tão heroico assim. Coisas da vida real.

   Ronin são os samurais sem mestre. E eu sempre adorei histórias de samurais, desde Xogum, de James Clavell. Eu sempre gostei do jeito de pensar dos japoneses, tão organizados. Talvez por ser tão bagunceira... Mas o que acontece no livro é a vingança de 47 samurais pelo assassinato de seu mestre. O lento caminhar para fazer sempre a coisa certa, garantindo o sucesso da vingança é quase poético. As dúvidas e os medos que surgem são muito humanos. Pois não existe vitória no final. O que aguarda o ronin é a morte através do suicídio ritual. Um livro muito bonito.

   Aí eu cansei do Japão e fui para a Índia, de primeira classe, lendo um clássico moderno e bastante controverso, Os Versos Satânicos, de Salman Rushdie. sempre tive curiosidade para saber o que causou o pedido de sentença de morte do autor, a fatwa. Mas devo admitir o meu total desconhecimento da religião muçulmana para poder julgar.


   O livro é uma história fantástica de dois homens que, ao estarem muito perto da morte, acabam se transformando em anjo (Gibreel Farishta) e demônio (Saladim Chamcha) respectivamente. As história vai se desenrolando e contando a vida dos personagens, seus dramas, seus questionamentos. Por exemplo, Chamcha é um indiano que quer ser inglês, e Farishta é mais apegado as raízes...
   Para poder entender melhor, fui estudar um pouco e descobri que Os Versos Satânicos são uma parte do Alcorão, contando de um pecado que Maomé cometeu, no seu desejo de ser aceito como profeta e Rushdie usou o nome como título do livro.
   Descobri também que o livro provocou diversos problemas. Vários tradutores sofreram atentados, várias editoras também. Rushdie só recentemente deixou de ser vigiado para sua proteção. Fanatismo dos muçulmanos? Pode ser, eu até acho que é. Sou católica e já vi a Bíblia passar por tantas interpretações que nem sei... e nenhuma gerou tanta violência. Mas não quero julgar tão absolutamente, pois realmente desconheço a religião muçulmana e não me sinto a vontade para afirmar nada categoricamente. Afinal, estamos em tempos tão sombrios... tempos onde pessoas são assassinadas por suas escolhas sexuais, mulheres são espancadas por terminarem relacionamentos, torturadores são homenageados... fico me perguntando o que aconteceria se algo semelhante fosse escrito sobre os evangélicos, por exemplo... e até mesmo sobre os católicos, porque não? Afinal, a igreja católica foi a maior assassina de mulheres de todos os tempos, com sua caça as bruxas...
   Chego ao fim dessas leituras, meus amigos, me preparando para a próxima viagem, Africa! Beijos fraternos a todos, de qualquer crença, de qualquer cor!

sábado, 2 de abril de 2016

Leituras de Verão

   Coitado desse blog... tão abandonado que as leituras de verão estão saindo no início do outono. Mas, como o projeto é Leitura Inesquecível, está valendo.
   Para o verão a Katia deixou muitas opções de escolha. A primeira meta, um livro com verão no título. Graças as meninas lindas desse grupo conheci a série "The Wallflowers" (As Quatro Estações do Amor, aqui no Brasil) da Lisa Kleypas, cujo primeiro livro é Segredos de uma Noite de Verão. Um romance água com açúcar bem legal, escrito de forma leve, mas sem perder a conexão com a época nem inventar nada fantástico. Quatro moças bonitas que precisam se casar, por vários motivos: pobreza, conseguir status, se livrar da família opressora e também porque na época tinha que casar logo, senão já era. Embora seja uma ficção, a pesquisa histórica está bem feita e complementa bem o texto, sem deixá-lo maçante. Me diverti muito com essa leitura.


   Também era necessário escolher um livro estrangeiro de uma lista daquelas tipo "100 livros para ler antes de morrer". Adotei a lista da Revista Bula, que achei bem interessante e escolhi O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway. Lindo demais, embora triste. A luta do velho com os elementos da natureza é impressionante. E o fato de que a velhice incapacita mesmo é um pouco desesperador, uma vez que ninguém quer morrer na flor da idade. Então o jeito é ficar velho. A importância do auxílio dos mais novos e de deixar o orgulho de lado e aceitar essa ajuda fica nas entrelinhas, mas pode ser apenas minha leitura, não necessariamente uma mensagem do autor. A doçura do menino amigo do velho é linda.

   Depois a Kátia facilitou. Ainda teríamos de ler mais quatro livros (afinal o verão tem três meses), a escolher entre os temas comédia, chick-lit, aventura, fantasia e erótico, mas ainda dentro do espírito de verão. Não fiquei nos quatro. Escolhi logo um livro para cada tema, fica mais fácil. Ficou assim:
          Comédia: Qual Seu Número - Karyn Bosnak. Só porque tem o Chris Evans na capa. Pronto, confessei. Até porque não gostei muito do livro não, muita complicação em torno da quantidade de homens com quem a personagem dormiu. Mais um pouco da preocupação puritana norte americana com o sexo.
          Chick-Lit: em compensação, o chick-lit que escolhi, O Segredo de Emma Korrigan, de Sophie Kinsella me agradou mais. Muito engraçado e na hora certa proporciona uma sensação de vingança ótima! As coisas que as pessoas fazem quando pensam que vão morrer são impressionantes.


          Aventura: A Espada de Verão - Rick Riordan. Tá, eu gosto do Riordan. gosto até da foto publicitária dele. Parece um cara super legal. Estava com medo desse livro ser repetitivo, pois esse filão dos semi-deuses está meio batido, mas tive a grata surpresa se ver que não há uma repetição. Riordan consegue escrever mais uma história de semi-deus sem se tornar maçante. Recomendo o livro, para quem gosta do gênero.


          Erótico: Não é todo autor(a) que sabe escrever livro erótico de qualidade. Para quem leu Anais Nin (O Delta de Vênus) aos 17, fica meio estranho essa literatura filme-pornô de hoje em dia. Tem uns melhores, alguns piores, mas essa mania de séries eróticas cansa. Consigo ler o primeiro e até gostar. No segundo me pego pensando: "Cadê a história?" E no terceiro bocejo sem disfarçar. Massssssss. tinha lido Cretino Irresistível e resolvi terminar a série, entre bocejos, por incrível que pareça. Acho que os autores(as) deveriam perceber quando um assunto já deu. Nessa série, por exemplo, bastava mostrar as histórias de Bennet, Max e Will, sendo um pouco menos repetitivo. Gostei do Noiva Irressitível, porque foca mais no casamento de Chloe e Bennet e acaba ficando engraçado.

          Fantasia: Tem muito tempo que eu estava querendo ler A História sem Fim, de Michael Ende. Como todo bom escritor alemão, embora esse seja um livro escrito para crianças, a densidade do texto é muito, mas muito adulta. Adorei a história de Bastian Baltazar Bux. De como ele cresce quando tem que ajudar a Filha da Lua, de como ele falha ao se sentir melhor do que os outros. Uma história linda e cheia de fantasia. E na volta para casa, o final feliz. Muito bom.

   Essas foram as leituras de verão. Valeram para os meses de Janeiro, Fevereiro e até o dia 21 de Março. Meu fichário de leitras vai ficando cheio de coisas boas e eu vou parando por aqui, sem prometer quando volto, mas tentando me organizar, eu juro. Beijos amigos e sejam felizes!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Tem Que Ler Mesmo?

   Olá amigos queridos! Um tempão sem postar aqui, tentando organizar a vida! Muita coisa para fazer nesse início de ano e sem tempo para scrap e para blog, mas sempre com tempo para as leituras!
   Esse ano, estou em vários projetos literários. Quatro, para ser mais precisa. E estou aqui hoje para falar sobre um deles, o "Projeto Tem Que Ler Mesmo?", idealizado pela Nice Sestari, uma amiga literária virtual.
   O projeto propões uma viagem pelos cinco continentes através da leitura. Os detalhes estão no blog Ipsis Litteris, para quem quiser saber tudinho.
   O primeiro continente a ser visitado é a Oceania. Dentro desta viagem, temos que escolher livros de autores que tenham nascido por lá, ou histórias passadas na Oceania.
   As categorias de viagem são:
          Mochileiro: livro a escolha
          Classe Econômica: livro que virou filme
          Primeira Classe: clássico
   Comecei minha viagem como mochileira, escolhendo uma série de fantasia, A Sétima Torre, do australiano Garth Nix. A série é formada por seis livros e se passa num planeta imaginário, sem luz, onde as pessoas dependem de pedras que emitem luz para sobreviver. Um grupo de privilegiados vive num castelo e são detentores das pedras da luz. Outro grupo vive no resto do planeta congelado, lutando pela sobrevivência.  Até que um traidor surge e a aventura começa, com direito a muita ação. Tal e Milla, pertencentes aos dois mundos, devem se unir para combater esse mal, como puderem.
   

   Gostei muito da série. Os mundos são bem construídos e os personagens são cativantes e fortes. Gostei especialmente do tio-avô de Tal, Ebbitt. Muito inteligente, irreverente e otimista. Gostei também do final, sem soluções fáceis.
   Segui minha viagem pela Oceania, em classe econômica, com um livro mais antigo, que virou filme, Pássaros Feridos, de Colleen McCullough, também australiana.


   A história de uma família lutando contra a natureza selvagem australiana durante gerações, torna a narrativa extremamente cativante. A fazenda onde eles moram, Drogheda, é uma das personagens do livro, juntamente com a família Cleary. A linha principal do livro, a paixão do Padre Ralph por Meggie Cleary é fantástica. E o final não faz concessões aos "finais felizes". As coisas são como devem ser. Conheci o lado seco da Austrália com esse romance.
   E, como sobrou tempo, resolvi pegar a primeira classe com O Advogado do Diabo, um clássico do australiano Morris West. a história se passa em uma pequena aldeia italiana, para onde o Padre Meredith é mandado como parte de um processo de beatificação. O Padre Meredith é o "advogado do diabo", o padre encarregado de descobrir os podres do candidato a santo e contestar a beatificação. Ou seja, o cara do contra. Adorei o livro, que mostra muito bem como a igreja católica estabelece seus dogmas e esquece que somos todos humanos, inclusive os sacerdotes.
   Não li só esses não, mas o post está quilométrico, então vou parando por aqui, para não ficar com fama de faladeira. Beijos amigos e me digam o que acharam!